sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Vírus - Crítica



Vírus (Carriers, EUA, 2009) 
Duração: Aproximadamente 84 minutos
Gênero: Terror, suspense, drama
Diretor: David Pastor e Àlex Pastor
Roteirista: David Pastor e Àlex Pastor
Elenco: Chris Pine, Piper Perabo, Lou Taylor Pucci, Emily VanCamp
Filme assistido na Netflix.

Versão curta
O filme despertou em mim reflexões filosóficas acerca do papel do homem no meio em que vive.

Versão longa
Ao assistir a Vírus, pensei sobre a obra Do Contrato Social (1757 / 1762) de Jean-Jacques Rousseau, livro o qual não li, contudo estudei há bastante tempo, pois o filme reflete em muitos aspectos o pensamento do filósofo francês. Vírus se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde quatro jovens cruzam os EUA com destino definido, uma praia, no caminho encontram um pai e sua pequena filhota, ao ajuda-los, suas vidas mudam drasticamente. 

O desenrolar da trama de Vírus não é comum vermos em produções hollywoodianas, pois conhecemos cada um dos personagens através dos diálogos, com poucos flashbacks, todos eles focados nos irmão vividos pelos atores Chris Pine e Lou Taylor Pucci. Sabemos que uma das garotas, Piper Perabo, é namorada de Chris Pine, já a outra, Emily VanCamp, pouco conhecemos de sua história e por qual motivo está em jornada com os demais jovens, para mim a personagem mais interessante da trama. 

Sabemos que existe um contrato social, beirando a paranoia, onde os quatro personagens seguem regras rígidas, onde a segurança individual é preservada ao garantir a segurança de todos. A ruptura acontece com a entrada momentânea do pai e da filha, vividos respectivamente pelos atores Christopher Meloni e Kiernan Shipka

A praia, o destino dos jovens, é intimamente ligada ao passado dos protagonistas irmãos, interpreto como uma maneira dos sobreviventes resgatarem sua natureza antes dos adventos os quais tornaram o mundo em um ambiente hostil, já que razão e ciência não impediram a desgraça que viria a seguir, apesar do percurso traçado pelos personagens ser bastante racional e nas poucas vezes em que substituíram pela emoção, os resultados não foram dos mais satisfatórios.

As pessoas precisaram se adaptar a essa nova realidade, logo há personagens malvados no mundo de Vírus, entretanto assim o são devido a esse ambiente. Os protagonistas do longa-metragem em nada se diferem dos outros. Os sobreviventes vivem em pequenos bandos, onde cada grupo se mantém vivo ao seguir regras pré-estipuladas. 

Sobre as pessoas contaminadas nesse ambiente, elas são marginalizadas, em estado avançado o aspecto do indivíduo é a de uma pessoa com inúmeras manchas pelo corpo, porém permanece quase inerte, apenas esperando a hora de sua morte. Curiosamente, os corpos não se decompõem após os infectados falecerem.

Fiquei curioso em saber mais sobre a doença, em certo trecho aparece o que aparentava ser um asiático enforcado com uma placa em torno de seu pescoço acusando os chineses de terem trazido a tal praga para os EUA, pode ser uma referência à pandemia da gripe A (H1N1), doença a qual preocupou o mundo no ano de 2009.

Gostei do filme por me fazer refletir sobre questões filosóficas que apontei no decorrer desta pequena crítica, pois me questionei em como seria viver em um mundo pós-apocalíptico. Um filme sem a presença de zumbis, onde homo homini lupus (o homem é o lobo do homem), como escreveu Plauto na peça Asinaria. Outro filme muito bom que eu indicaria para vocês e que tem um tema parecido chama-se A Estrada (2009).

Trailer